09/04/2025

Sindicato sedia roda de conversa sobre Inteligência Artificial e direitos sociais, com a presença de intelectuais e lideranças sindicais

A sede do Sindicato dos Bancários do Ceará recebeu no último sábado, das 10h às 12h, uma roda de conversa, promovida pela Frente Inteligência Artificial com Direitos Sociais, reunindo nomes de peso do pensamento crítico brasileiro e lideranças do movimento sindical. Estiveram presentes os professores Ladislau Dowbor, Valton Miranda e Manfredo Oliveira, além de representantes de sindicatos e entidades de diversas categorias.

O evento, de caráter reservado, teve como objetivo aprofundar o debate sobre os impactos da Inteligência Artificial (IA) no mundo do trabalho, na democracia e nos direitos fundamentais. A roda de conversa integrou o ciclo de ações da Frente, que articula a publicação de uma revista temática, uma audiência pública na Assembleia Legislativa e um encontro nacional na Universidade Federal do ABC, em junho.

“Essa pauta não é local, é nacional. Não estamos falando apenas de tecnologia, mas da defesa dos trabalhadores, da família e da soberania do Brasil”, afirmou José Vital, secretário de organização e comunicação da Frente, ao abrir o encontro.

Em sua intervenção, o professor Ladislau Dowbor fez uma análise estrutural do novo modelo de poder baseado no conhecimento imaterial, denunciando a financeirização e o domínio dos dados: “estamos vivendo um novo modo de produção, onde os grandes conglomerados financeiros e tecnológicos concentram metade do PIB mundial. A exploração agora não exige mais a fábrica: basta controlar o algoritmo, o dado, o desejo”.

O filósofo Manfredo Oliveira trouxe à tona a dimensão ética da tecnologia: “máquinas não são agentes morais. A responsabilidade é humana e política. A IA precisa servir à vida, e não a um grupinho de bilionários que domina os sistemas de comunicação, decisão e desejo”.

Já o psicanalista Valton Miranda apontou o impacto subjetivo e existencial da dominação algorítmica: “o pensamento crítico está sendo esvaziado. Os jovens se mutilam, os adultos vivem alienados, o inconsciente foi colonizado pelas plataformas. A doença do poder hoje é a paranoia de controle total”.

Já o presidente do Sindicato dos Bancários do Ceará, José Eduardo Marinho, ressaltou os efeitos práticos da IA no cotidiano da categoria: “os bancários estão treinando as máquinas que vão substituí-los. Isso é cruel. Estamos diante de um dilema ético diário. É preciso que a tecnologia não seja instrumento de demissão em massa, mas ferramenta de justiça social”, ressaltou.

O evento contou com representantes da coordenação da Frente e se prepara agora para o seu primeiro encontro nacional, com o desafio de formular uma proposta coletiva de regulação da IA com base nos direitos sociais.

FONTE: SINDICATO DOS BANCÁRIOS